Painel apresenta soluções para socializar pessoas com restrição de liberdade

Por Valéria Credidio  (ASCOM/LAIS)

O Brasil é o terceiro país, no mundo, com a maior população prisional, contabilizando 720 mil pessoas encarceradas. Os dados são os mais recentes e correspondem ao levantamento realizado em 2016. Apesar do lapso temporal de seis anos, a realidade atual não é diferente, com pessoas em privação de liberdade e, muitas vezes, sem qualquer chance de recomeçar uma nova trajetória na vida.

Este foi um dos focos do painel Sistema Prisional, ocorrido na manhã do terceiro dia da 3ª. Conferência Internacional de Inovação em Saúde, promovida pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), contando com a participação de pesquisadores brasileiros e portugueses.

Na ocasião foi apresentada a trilha formativa no sistema prisional “Além dos Muros”, concebida como resultado do doutoramento da pesquisadora Janaína Rodrigues. A trilha está disponível no Ambiente de Aprendizagem do SUS (AVASUS) e é direcionada para pessoas privadas de liberdade, para os profissionais de saúde, policiais penais e gestores do sistema prisional. “A formação tem o foco na ressocialização do apenado e, ao mesmo tempo, possibilitar um melhor ambiente de trabalho aos profissionais envolvidos no contexto.

Lançada em novembro do ano passado, a trilha formativa para o sistema prisional Além dos Muros” conta com, aproximadamente, 15 mil pessoas matriculadas.

Experiências em Portugal

Utilizando cinema aliado à educação, duas experiências de ressocialização são colocadas em práticas em Portugal, pelas universidades de Coimbra e a Aberta. Em Coimbra, o trabalho é liderado pela pesquisadora Sara Trindade e tem como material principal de trabalho filmes produzidos para o cinema. De acordo com a pesquisadora, sucessos como Avatar e Três Anúncios para um Crime já foram utilizados para abordar temas como meio ambiente e cidadania. A ideia é ir além da mensagem direta do filme e procurar todas as possibilidades existentes no contexto. “Não é simplesmente assistir ao filme, mas refletir sobre o que a história retrata e relatar a sua opinião, sem medo de represália e respeitando a opinião do outro, mesmo que seja contrária”.

Já o professor Antonio Moreira, da Universidade Aberta de Portugal (UAb) apresentou à plateia do painel, o Campus Virtual Educonline, uma plataforma digital para a educação e formação de cidadão reclusos. Campus integra diversos serviços online com suporte de uma plataforma tecnológica que agrega tecnologias de eLearning e de eManagement. Desta forma, os processos de natureza pedagógica, académica, administrativa e de cidadania digital tornam-se mais acessíveis e eficientes.

“O que se pretende, com todas essas ações, é diminuir a criminalidade e o reingresso ao sistema prisional, quebrando um ciclo que se torna cada vez mais comum”, reforçou Sara Trindade.

Também participaram das discussões s acerca do sistema prisional os pesquisadores Eloiza Gomes, Diretora do Instituto Multidisciplinar de Formação Humana com Tecnologias da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – IFHT/UERJ e Ronaldo Melo, professor convidado do Instituto Multidisciplinar de Formação Humana com Tecnologias da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – IFHT/ UERJ.